quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Problemas Urbanos (Aula 7)

   NEEJA – PASSO FUNDO CENTRO
Disciplina: Geografia
Professora: Cláudia Aresi
(Aula)
Problemas Urbanos:

Apesar dos problemas existentes, as cidades continuam a exercer forte atração sobre as populações rurais. A grande oferta de bens culturais, lazer, oportunidades de trabalho e circulação de mercadorias, prevalecem sobre os aspectos mais negativos que as concentrações urbanas geram. Todos esses atrativos podem dar a impressão de que não existem problemas urbanos, o que não é bem assim. Vejamos então a seguir alguns problemas mais comuns nas cidades brasileiras.

Þ              Problemas sociais:
O problema da habitação é um dos que mais chamam a atenção, especialmente nas grandes cidades. A excessiva concentração populacional gera distorções na paisagem urbana. Expressiva parcela da população de baixa renda se vê obrigada a viver em habitações improvisadas e submoradias, como favelas e cortiços.
Embora nem sempre seja considerada relevante, a ausência de áreas de lazer – sobretudo nas periferias muito populosas – tem sido associada ao aumento da violência. Atividades culturais, artísticas e esportivas trazem grande melhora da qualidade de vida e têm se mostrado recursos valiosos para afastar crianças e jovens de riscos sociais, como violência e drogas.                Rio de Janeiro

Þ              Segregação espacial:
Também chama a atenção no espaço brasileiro a segregação socioespacial urbana. Há uma convivência entre moradias de alto padrão e submoradias em espaços exíguos que, não raramente, é apontada como fator de tensões sociais. Segundo pesquisas de 2008 do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios, do IBGE), 34% da população brasileira vive em moradias inadequadas nas cidades. São dezenas de milhões de pessoas que vivem em residências sem rede de esgoto ou com serviços inadequados de água tratada.
Outro sério problema é a superlotação familiar. Os domicílios com mais de três pessoas por dormitório comportam 12,3 milhões de pessoas (7,8% da população urbana). As maiores concentrações desse tipo de arranjo familiar, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), estão em São Paulo (2,2 milhões de pessoas) e no Rio de Janeiro (1 milhão).
Nos arredores dessas áreas, as camadas sociais mais privilegiadas passaram a habitar em condomínios fechados de alto padrão. Nas cidades grandes e médias, a tendência tem sido também o crescimento vertical. A classe média troca antigas casas por prédios que ofereçam segurança, melhor localização e serviços diferenciados.
A luta pelo espaço urbano é, portanto, uma constante na vida das principais cidades brasileiras. Muito contribui para isso a estratégia da especulação imobiliária.

Þ              As demandas sociais urbanas:
O atual grande desafio do poder público (municípios, estados e União) é o de atender às demandas sociais nas áreas urbanas menos privilegiadas.
Algumas medidas têm sido reclamadas pela sociedade, entre elas as citadas a seguir:
·         Autoconstrução familiar – Apoio oferecido pelo poder publico às famílias de baixa renda que possuam lotes e possam trabalhar na construção da casa própria.
·         Imposto progressivo, cuja finalidade é inibir a especulação imobiliária, disponibilizando áreas para a habitação popular.
·         Regularização fundiária dos imóveis irregulares (por exemplo, aqueles que foram doados pelo poder público, mas dos quais a família não tem a escritura).
·         Urbanização dos bairros da periferia, criação de postos de saúde, centros públicos de educação e serviços jurídicos públicos acessíveis à população de baixa renda.
·         Assentamento de famílias que vivem hoje em áreas de risco, áreas de proteção ambiental e áreas públicas.

Þ              Problemas ambientais:
As cidades brasileiras, com raras exceções, cresceram sem respeito ao planejamento urbano. Corrigir os desequilíbrios ambientais decorrentes do crescimento urbano e das migrações é um enorme desafio. É não apenas um desafio nacional, a ser enfrentado pelo Governo e pela sociedade brasileira; é portanto um problema mundial, do qual nem mesmo os países desenvolvidos escaparam.
Denomina-se sítio urbano ao ambiente natural – limites naturais de relevo e hidrografia – onde a cidade nasceu e se desenvolveu. Os impactos da ocupação humana alteram substancialmente as formas de relevo, as bacias hidrográficas, o solo e a vegetação preexistente, ou seja, o quadro físico e ambiental. Até mesmo modificações de escala microclimáticas costumam ocorrer.
O preço dos terrenos e a valorização do espaço urbano vinculam-se não somente a quantidade e a qualidade dos equipamentos urbanos, mas também aos elementos físicos dos lugares. Sendo assim, pode-se verificar nas cidades brasileiras uma relação entre relevo e as camadas sociais. Por exemplo, os terrenos situados em várzeas de rios e córregos e em encostas íngremes são, em geral, ocupados pela população pobre. São áreas sujeitas, respectivamente, a enchentes e deslizamentos. As áreas de melhor qualidade ambiental e de beleza cênica (como a orla marítima, por exemplo) são mais caras e procuradas pela população de alta renda.
Outro grande problema é a questão da água. O abastecimento das grandes metrópoles é crítico. O entorno dos mananciais e represas é bastante ocupado, e o saneamento básico nem sempre é adequado.
A destinação do lixo é também um desafio. Boa parte dos detritos termina em lixões a céu aberto ou na beira de rios. A reciclagem ainda está muito longe do ideal. No Brasil, várias doenças associam-se a deposição inadequada do lixo, como é o caso das diarréias, amebíases e outras parasitoses.
Nas cidades, a remoção da cobertura vegetal, a ocupação das várzeas e a impermeabilização dos solos urbanos são as principais causas das enchentes. Em geral, os municípios tentam resolver esse problema promovendo o desassoreamento de córregos e rios e construindo “piscinões” (reservatórios subterrâneos capazes de reter parte das águas pluviais).
Como em outras partes do mundo, também no Brasil as grandes metrópoles são vítimas das chamadas ilhas de calor. No inverno, o fenômeno natural da inversão térmica intensifica os níveis de poluição atmosférica.

Þ              O trânsito nas grandes cidades
Não á soluções fáceis para o caos urbano gerado pelo tráfego excessivo de veículos nas grandes cidades brasileiras. Especialistas dividem a culpa entre a sociedade – que deseja o automóvel – e o Estado, que historicamente nunca investiu o necessário em transportes coletivos. No ano de 2007 e início de 2008, somente a cidade de São Paulo registrou mais de 800 veículos novos por dia. O impacto na emissão de poluentes alcançou grandes proporções.


Atividades:

1. Em inúmeras grandes e médias cidades brasileiras pode ser considerado exemplo de segregação espacial:

(a) A ocupação das periferias, antes habitadas pela população pobre, pelas camadas sociais de mais alto poder aquisitivo.
(b) Processo de revitalização dos centros históricos a partir do trabalho de restauro de antigas construções.
(c) A instalação do policiamento ostensivo nas áreas centrais da cidade onde há maior circulação de pessoas.
(d) O aparecimento de um comércio popular em antigos centros comerciais abandonados pelos consumidores de alta renda.


2. Analisando as estatísticas brasileiras, observa-se que na periferia das grandes e médias cidades brasileiras o número de jovens é mais elevado do que nas áreas centrais. Mas as estatísticas não param por aí, pois mostram que a violência também é maior nas regiões periféricas. Refletindo sobre essas estatísticas pode-se afirmar que:

               I.    O processo caótico de urbanização gerou grande massa de excluídos que, por sua vez, criou espaços com sérios problemas sociais.
            II.    Não há relação direta entre o grande número de jovens que resultam das altas taxas de natalidade encontradas na periferia e a violência que resulta dos pequenos contingentes de policiais nas cidades.
         III.    As políticas sociais, recentemente adotadas no País, têm revertido este quadro e à medida em que o crescimento vegetativo começa a diminuir nas periferias, a redução da violência também será sentida.

Está correto somente o que se afirma em:
a) I.                              b) I e II.                     c) I e III.                      d) II e III.


3. O meio ambiente nas grandes cidades de países tropicais apresenta várias características singulares. Sobre esse contexto é correto afirmar que:

a) O aumento das superfícies impermeabilizadas facilita a geração de escoamento superficial, contribuindo para a ocorrência de enchentes.
b) O relevo plano das áreas ribeirinhas facilita a ocupação, tornando-as aconselháveis para a construção civil.
c) O desmatamento contribui para reduzir as temperaturas locais, já que, sem a vegetação, reforça-se o papel da umidade como regulador térmico.
d) A concentração de gases na atmosfera tem estimulado a redução das temperaturas nestas áreas, apesar de elevar o nível de população.

4. Algumas medidas podem ser propostas com relação aos problemas da água:

           I.    Represamento de rios e córregos próximo às cidades de maior porte.
        II.    Controle da ocupação urbana, principalmente em torno dos mananciais.
     III.    Proibição do despejo de esgoto industrial e doméstico sem tratamento nos rios e represas.
     IV.    Transferência do volume de água entre bacias hidrográficas para atender as cidades que já apresentam alto grau de poluição em seus mananciais.

As duas ações que devem ser tratadas como prioridades para a preservação da qualidade dos recursos hídricos são:

a) I e II.             b) I e IV.             c) II e III.             d) II e IV.                 
5. Dados do Censo Demográfico 2000 mostram que, na última década, o número de favelas tem crescido consideravelmente, com significativa alteração na sua distribuição pelas regiões do Brasil.
Considerando a dinâmica migratória do período, pode-se afirmar que esse processo está relacionado:

a) Ao declínio acentuado da industrialização no Sudeste, que deslocou grandes parcelas da população urbana para outras regiões do país.
b) Ao deslocamento das correntes migratórias rurais para cinturões verdes criados em torno dos centros urbanos.
c) À instalação, na Região Nordeste, de inúmeras empresas de alta tecnologia, atraindo de volta a população que migrara para o Sudeste.
d) À mudança no destino das correntes migratórias que passaram a buscar as cidades de médio e grande portes, além de São Paulo e Rio de Janeiro.


GABARITO
1 – D
2 – A
3 – A
4 – C
5 – D

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